Crianças podem se submeter à cirurgia de miopia?

O desenvolvimento infantil é um processo contínuo e fascinante, que envolve desde o crescimento físico até o amadurecimento de órgãos essenciais, como os olhos.

Nos primeiros anos de vida, o sistema visual das crianças ainda está em formação, o que significa que alterações de grau ocorrem ao longo da infância e da adolescência à medida que elas crescem. Por isso, a indicação de cirurgia de miopia para crianças é rara, para não dizer inexistente atualmente no Brasil.

A cirurgia refrativa — utilizada para corrigir erros de refração como miopia, hipermetropia e astigmatismo — é amplamente recomendada para pacientes adultos, cujo sistema visual já está completamente desenvolvido. No caso das crianças, o crescimento dos olhos pode influenciar diretamente na evolução do grau e na eficácia dos procedimentos cirúrgicos, tornando-se uma opção ainda não indicada antes da estabilização das alterações refrativas, geralmente alcançada no início da vida adulta, ou seja, após os 18 anos.

 Quando é hora de levar a criança ao médico oftalmologista?

A consulta oftalmológica na criança deve ser feita, se possível, entre 6-12 meses de idade. Após essa idade, é recomendado que uma avaliação seja realizada entre os 3-5 anos, de preferência aos 3 anos de idade. Além disso, os pais devem estar atentos a sinais como dificuldade para enxergar de longe, dores de cabeça, olhos vermelhos frequentes ou alterações no comportamento, como inclinar a cabeça para focar objetos. A detecção precoce de problemas visuais é essencial para garantir um desenvolvimento saudável.

Entretanto, isso não significa que as crianças que apresentam dificuldades visuais não possam contar com soluções eficazes. Os óculos são aliados fundamentais, oferecendo correção precisa e adaptável às mudanças naturais do desenvolvimento ocular. As lentes de contato também são uma opção excelente, especialmente para crianças e adolescentes com altos graus de hipermetropia ou miopia.

Além disso, os óculos de proteção voltados para atividades esportivas são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das crianças, prevenindo acidentes oculares durante brincadeiras e práticas esportivas. Estudos mostram que o uso desse tipo de proteção reduz significativamente o risco de lesões oculares, que podem ter impactos duradouros. É importante que os pais e responsáveis estejam atentos aos sinais de problemas de visão, como dificuldades para enxergar a distância, queixas de dores de cabeça ou mesmo um desempenho escolar abaixo do esperado. A consulta regular com oftalmologistas não apenas auxilia na detecção precoce de possíveis problemas, mas também é uma oportunidade para educar sobre a importância do cuidado com os olhos desde a infância. A ciência e a tecnologia continuam a evoluir, trazendo inovações na área oftalmológica que beneficiam pacientes de todas as idades. Contudo, a decisão sobre a cirurgia refrativa em crianças ainda não é uma opção usada no nosso país. Enquanto isso, soluções como óculos adequados, lentes de contato e medidas preventivas continuam a ser as melhores alternativas para proteger e promover a saúde ocular das crianças.

Extraído do Visão em Foco – 01 | Ano 3 | 2025 do Conselho Brasileiro de Oftalmologia